A pandemia pelo COVID-19 desafia sem precedentes a capacidade dos sistemas de saúde e seus profissionais ao redor do mundo. Agora, mais do que nunca, utilização sensata de recursos limitados é algo crítico.
Em resposta, essa lista foi desenvolvida para aumentar a conscientização sobre a necessidade de utilizar recursos de saúde limitados sabiamente.
Recomendações para o PÚBLICO GERAL:
1 Não saia de casa por razões não essenciais. Mantenha uma distância física segura dos outros (pelo menos 2 metros) e siga orientações de suas autoridades de saúde pública nacional e local.
Distanciamento físico e lavagem de mãos são as maneiras mais efetivas de reduzir transmissão do COVID-19. Evite aglomerações, viagem desnecessária e encontros sociais. Saia preferencialmente apenas para aquisição de produtos alimentares, farmacêuticos ou outros itens essenciais. Minimizar a transmissão do COVID-19 pode ajudar aliviando a pressão sobre o sistema de saúde.
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World Health Organization: Coronavirus Disease (COVID-19) Advice for the Public
2 Não procure pessoalmente hospital, ambulatório ou profissional da saúde para avaliação de rotina (visitas preventivas ou check-ups) ou cuidado não essencial sem antes buscar orientação à distância.
Evitar estes locais reduz risco individual de infecção. Clínicas, hospitais e instituições de saúde estão ainda estabelecendo o tipo de cuidado que seguem prestando e aqueles que devem ser reagendados ou postergados. Alguns testes e procedimentos de rotina podem não ser necessários se o indivíduo não apresentar sintomas ou fatores de risco, enquanto outros não devem ser adiados. Converse com seu profissional da saúde – muitos estão oferecendo possibilidade virtual.
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Canadian Medical Association: Managing your Practice During COVID-19
3 Não procure emergências e pronto-socorros para avaliação de sintomas leves de COVID-19. Use ferramentas virtuais ou unidades de atenção básica, se disponíveis.
Indivíduos com sintomas leves não devem procurar emergência ou PS para diagnóstico. Serviços voltados para este tipo de triagem ou até ferramentas online devem ajudar na definição de necessidades adicionais. Evitar telefonemas ou visitas desnecessárias a emergências protegerá pacientes vulneráveis, assim como os profissionais da saúde que os atendem.
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Centers for Disease Control and Prevention: What To Do if You Are Sick
BMJ: COVID-19: A Remote Assessment in Primary Care
CMAJ: What can Early Canadian Experience Screening for COVID-19 Teach us About How to Prepare for a Pandemic?
4 Não automedique-se ou solicite terapias não comprovadas para prevenção ou tratamento do COVID-19.
Não há, por ora, vacinas, medicamentos ou produtos naturais que protejam ou tratem. A utilização de tratamentos não baseados em evidência pode precipitar danos em pacientes ou levar a escassez de recursos. Adicionalmente, antibióticos não funcionam contra infecções virais.
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Centers for Disease Control and Prevention: Therapeutic Options
Public Health Agency of Canada: Coronavirus disease (COVID-19): Symptoms and Treatment
Hidroxicloroquina: o dia em que a ciência parou(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
Mesmo que existisse, nossos olhos seriam incapazes de perceber efeito de novos tratamentos para o coronavírus.(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
Recomendações para PROFISSIONAIS DA SAÚDE
5 Não ofereça presencialmente serviços não essenciais, havendo disponibilidade de ferramentas virtuais como telemedicina ou telefone. Retarde cuidados e testes laboratoriais não essenciais sempre que possível.
Cuidado virtual geralmente atende as necessidades deste perfil de pacientes de forma segura. Não bastasse, postergar cuidados e testes laboratoriais não essenciais pode liberar recursos físicos para pacientes graves. Entretanto, é imperativa a necessidade de manutenção da continuidade do cuidado de pacientes com condições crônicas, virtual ou presencialmente.
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Social Mixing on Outcomes of the COVID-19 Epidemic in Wuhan, China: A Modelling Study
World Health Organization: Operational Guidance for Maintaining Essential Health Services During an Outbreak
Carta Aberta aos Profissionais de Saúde Ambulatoriais da ABMH(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
Ofício do Conselho Federal de Medicina sobre Telemedicina
(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
6 Não encaminhe moradores previamente debilitados de casas geriátricas para o hospital, ao menos que necessidades médicas ou de conforto não possam ser atendidas localmente.
Pode aumentar o risco de pacientes idosos contraírem COVID-19. Além disto, idosos frágeis têm maior risco de infecções hospitalares em geral, efeitos adversos de medicamentos, insônia, perda de funcionalidade enquanto acamados. Danos frequente- mente superam benefícios. Se uma transferência é inevitável, forneça instruções claras ao hospital sobre Diretivas Antecipadas de Vontade.
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Shepperd S, Iliffe S, Doll H, et al. Cochrane Systematic Review. Admission Avoidance Hospital at Home
Recomendações para Prevenção e Controle de infecções por coronavírus (SARS-Cov-2) em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs)
(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
7 Não transfunda hemácias baseando-se exclusivamente em algum valor arbitrário de hemoglobina. Ofereça uma unidade de cada vez, reavaliando a necessidade de mais.
Inúmeras recomendações Choosing Wisely alertam para sobreutilização de transfusões de hemácias. Conservar os níveis de estoque durante a pandemia é fundamental.
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Choosing Wisely Canada: Why Give Two When One Will Do Transfusion Toolkit
Pagano M, Hess J, Tsang H, et al. Transfusion. Prepare to Adapt: Blood Supply and Transfusion Support During the First 2 Weeks of the 2019 Novel Coronavirus (COVID-19) Pandemic Affecting Washington State.
Orientaçøes da ABHH para transfusão de hemocomponentes em virtude do desabastecimento de sangue ocasionado pela pandemia da COVID19 (referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
8 Não intube idosos frágeis sem discussão prévia com o paciente ou familiares acerca de Diretivas Antecipadas de Vontade, sempre que possível.
Na pandemia, decisões dessa natureza devem ser encaradas como urgência, com sorte baseadas em discussões prévias. Idosos frágeis que estão doentes o suficiente para que intubação por qualquer razão, incluindo COVID-19, seja considerada, têm baixa sobrevida ou propensão a comprometimento de qualidade de vida. Conversas precoces com pacientes e familiares ajudam e prevenir decisões apressadas ou que não reflitam os desejos do paciente.
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Canadian Frailty Network: End-of-Life Care (EOL)/Advance Care Planning (ACP)
Site especial sobre COVID-19 da ANCP (referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
9 Não prescreva terapias não comprovadas para pacientes com COVID-19.
Não há consenso entre grupos profissionais sobre muitas alternativas e as evidências estão evoluindo. O tratamento de pacientes não amparado em ensaios clínicos limitará nossa habilidade de cientificamente avaliar eficácia, podendo colocar pacientes em risco de dano por efeitos adversos de medicamentos. O uso compassivo pode ser aceitável em algumas jurisdições específicas.
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Kalil A. JAMA. Treating COVID-19—Off-Label Drug Use, Compassionate Use, and Randomized Clinical Trials During Pandemics
Cunningham A, Goh H, Koh D. Critical Care. Treatment of COVID-19: Old Tricks for New Challenges.
Hidroxicloroquina: o dia em que a ciência parou
(referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
A Incompreendida Cegueira da Experiência Clínica (referência de responsabilidade exclusiva da CWB)
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COMO ESTA LISTA FOI GERADA?
Uma lista de potenciais recomendações foi coletada com base nos esforços atuais percebidos no enfrentamento ao COVID-19 em diversos países. Uma lista preliminar foi desenvolvida por lideranças da Choosing Wisely Canada, com sugestões de profissionais de diferentes especialidades, representantes de pacientes e líderes da Choosing Wisely Inter- national. Uma survey foi enviada no seguimento a 293 líderes de organizações da saúde, membros da Choosing Wisely Canada e todos os membros da Choosing Wisely International. A taxa de resposta em 4 dias foi de 55% e todas as recomendações receberam 4 ou 5 em uma escala de 1-5 de concordância. Sugestões foram incorporadas.
“Recomendações baseiam-se em imprescindível raciocínio probabilístico e no comportamente médio dos resultados das intervenções.
Em decisão compartilhada com profissional de confiança, devem ser recalibradas, considerando condição clínica específica, valores e preferências do paciente.“
Não sei se vale a pena divulgar informações que parecem inadequadas a muita gente de peso em saúde. Refiro-me ao uso de medicação “não comprovada cientificamente”. Ora, a clinica é soberana e fazer isto, no caso, é deixar a Medicina sem pressa para Medicina quase parada, o que não é correto. Alardear os possíveis efeitos colaterais negativos, mínimos e restritos a casos específicos, não ajuda. Em meio à pandemia se deve lançar mão da arma disponível, mesmo não referendada pela ciência, que tarda em demasia. Não é sem pressa, é quase parada mesmo. Burocracia não combina com premência, que é a situação de hoje. Então, fazer apologia do não uso é desserviço. Até porque os tidos como “ponta” ou usaram, ou usam nos pacientes ou usarão neles próprios, ou familiares.
O referencial teórico da Slow Medicine é a Medicina Baseada em Evidências. Esta é a posição da campanha Choosing Wisely Internacional , que corroboramos:
“Não prescreva terapias não comprovadas para pacientes com COVID-19.
Não há consenso entre grupos profissionais sobre muitas alternativas e as evidências estão evoluindo. O tratamento de pacientes não amparado em ensaios clínicos limitará nossa habilidade de cientificamente avaliar eficácia, podendo colocar pacientes em risco de dano por efeitos adversos de medicamentos. O uso compassivo pode ser aceitável em algumas jurisdições específicas.”
Então, pelo que entendi, o paciente não terá a oportunidade de tratamento se não passar pela burocracia toda? Seria justo? O dr. Uip tomou. O dr. Kalil tomou. Conheço mais uma dúzia de colegas que tomaram. E todos que me chegaram ao conhecimento se curaram. Vale a pena deixar morrer à míngua ou apenas com suporte? Será está uma postura ética?
Medicina sem pressa NÃO pode deixar de oferecer um tratamento so porque não passou pela burocracia. Aprendi que a clínica é soberana como você também, tenho certeza. Aí seria medicina parada, acomodada. Ou não?
Bem, reafirmando. Nosso referencial é a Medicina Baseada em Evidências e subscrevemos as recomendações da Choosing Wisely International. Vale a leitura de editorial recente do BMJ ( https://www.bmj.com/content/369/bmj.m1432) sobre o tema, bem como as referências sugeridas na própria recomendação. Somente lembramos que o dr. Uip resguardou a questão da utilização desta droga em seu tratamento como de foro pessoal.
Nos primórdios da divulgacão de nossos princípios e de nossa filosofia no site, publicamos este texto, que consta em Fundamentos, quando fala do profissional Slow, que afirma: – o profissional Slow “….pratica a Medicina Baseada em Evidências, entendida como a integração dos resultados da pesquisa clínica, com a experiência própria e com as exigências e os valores do paciente e das pessoas próximas a ele, com base na relação entre os benefícios, os riscos e as incertezas…”. (https://slowbr.beltrame.digital/slow-medicine-um-conceito-em-construcao/)
Aprendi na minha Faculdade (UFMG) que a clínica é soberana e o paciente é o dono de toda decisão, desde que não lhe causemos mal primeiro. E isto é traduzido como medicina da inteligência, do acolhimento. Totalmente fora do que eu entendera por medicina sem pressa. Na urgência tem de haver pressa (diferente de ser apressado). Não se pode conceber um médico questionando uma conduta que está dando certo. Tanto que está sendo adotada por todos, aos poucos. Até lá, quantos morrerão pela omissão? Uma pena…
Creio que a diversidade de pontos de vista é importante e, particularmente neste momento, a incerteza é um valor. Lamento que, diante do grande aporte de conhecimentos e informações que buscamos trazer em nosso site acerca da filosofia, dos preceitos e dos princípios da Medicina sem Pressa, nos agarremos a uma crença ou convicção acerca de um ponto específico e deixemos de lado todo o resto. No Brasil e na Itália, a Slow Medicine e a Choosing Wisely tem um trabalho de colaboração. Que continuará. A Choosing Wisely oferece sugestões e recomendações, não são diretrizes, protocolos ou políticas públicas. Se a comunidade médica, ou o médico e profissional de saúde, em sua prática pessoal, as seguirão, é uma decisão que compete a eles.
Não é questão de se agarrar a uma crença ou convicção. É principio básico que todo bom médico sabe: não se nega socorro a ninguém. Se o socorro no momento não é referendado por “evidências”, nem por isto deve ser deixado de lado. Uso o que tenho e o bom senso ilumina. Em sã consciência, do fundo do coração (nem precisava ser médico), se a única arma que tenho, hoje, é a cloroquina com azitromicina ou claritromicina, corticoide, VOCÊ ou um seu familiar com a patologia instalada, ainda em fase inicial, o que faria? À Uip se negaria a dizer, por ser foro intimo, ou tomaria? O rigor da ciência pode deixar uma viseira que limita a ação. Continuo com a certeza: medicina sem pressa não é medicina parada, sem cumprir a função principal do médico: acolher, tratar se possível com o que lhe é disponíbilizado. Obrigado.
Sebastião você não entende o conceito de efeito colateral? A Hidroxicloroquina saiu de linha por que foi comprovado cientificamente com números grandes populacionais que as pessoas com covid-19 que usaram a medicação morreram mais do que as que não usaram. Todo fármaco é uma droga e leva a danos possivelmente irreversíveis, nenhum deles sai ileso. Medicina é uma balança, tudo deve ser muito ponderado e nossa responsabilidade não diminui por ser um dano a médio e longo prazo. Resistência bacteriana cresce cada dia mais e não deixa de ser responsabilidade da medicina a prescrição inútil de antibioticos pra infecções virais. Um abraço.