Por Massimo Colombini Neto:
Através de conhecimento da história compreendemos melhor os fatos presentes. Neste sentido, a oportunidade de participar do IV Congresso de Slow Medicine em Torino na Itália, onde tudo começou; conhecer e conviver com os fundadores deste importante movimento internacional, foi uma oportunidade enriquecedora como profissional, como pessoa (o que aprendi contribuiu para meu crescimento pessoal) e social, uma vez que tive oportunidade de fazer novos amigos e, através destes, poder compartilhar o que vivenciei com colegas e amigos.
No primeiro dia, após calorosa recepção dos organizadores do evento, em especial de Marco Bobbio, no Pré-Congresso participei do grupo de discussões sobre: O Significado de Cultivar a Saúde (“Cosa significa coltivare la salute”) e, afinal, o que pensam os italianos? – sobre o eixo principal e tema do congresso.
Uma das questões primordiais que foi levantada é que existe uma relação direta da saúde com o “bem-estar” e que promover a saúde não é uma exclusividade dos médicos e sim um compromisso da sociedade. Neste sentido vale lembrar que houve grandes avanços na expectativa de vida, principalmente em decorrência de avanços da sociedade, políticas públicas (saneamento entre outros) e não apenas em decorrência dos avanços da medicina.
Outra questão levantada é que devemos conhecer o corpo para promover a saúde e que, sobretudo, não somos “as doenças” – somos pessoas “doentes”, participantes de uma rede social. Portanto, devemos entender a promoção da saúde dentro do contexto de um sistema ecológico em que o conceito de cultivar a saúde das pessoas está alinhado ao amplo conceito de sustentabilidade.
Após o término do pré-congresso ocorreu uma tradicional “merenda” Piemontesa, em que todos confraternizaram. A merenda antecedeu um evento cultural – o espetáculo “SOS – Storia di un’Odissea psicoSomatica”, uma divertida encenação que remete a importantes reflexões sobre situações, aflições e desencontros de informações presentes no cotidiano das relações dos pacientes com seus médicos.
No principal dia do Congresso seguiram-se apresentações com o auditório cheio, e coube a mim ressaltar alguns dos principais ensinamentos.
“A comunicação entre médico e paciente é tempo de cura, ou seja, cada instante conta, resultando em mudanças no bem-estar e saúde das pessoas”.
“Devemos fazer o paciente crer que é menos doente do que ele está”… importante consideração que leva em conta o uso consciente do efeito placebo assim como o cuidado com o efeito inverso (efeito “nocebo”).
“Os pacientes precisam de bem-estar físico, psíquico e social”.
“Não há sustentabilidade na saúde sem qualidade da assistência”.
“Não se fala de cura sem falar de saúde; prevenção deve ser fundamentada na mudança de estilo de vida que é um movimento individual”.
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Massimo Colombini Netto: atualmente sou professor do Curso de Medicina da Faculdade Israelita Albert Einstein, realizo consultas particulares na especialidade de Medicina de Família e Medicina Preventiva. Fiz a graduação em medicina pela USP de Ribeirão Preto onde também realizei a graduação em Ciências Biológicas, sou mestre em Saúde Coletiva com tema em Avaliação Clínica de Idosos pela UNESP e fiz MBA, pós em Auditoria e Gestão da Qualidade em Saúde pela FGV. Acredito em uma medicina mais humanizada, resolutiva e igualitária e sou voluntário do Instituto Horas da Vida.