Por Andrea Bottoni:
“Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente.”
Este é um período bastante complicado. Um vírus está “parando” o mundo, em diferentes proporções, em vários países. Todos são e serão afetados, alguns mais e outros menos. Muitos sofrem e sofrerão, ainda que de formas e intensidades diferentes.
Uma das medidas para diminuir a disseminação do COVID-19 é o distanciamento social. Quem pode ficar em casa, deve ficar em casa. É essencial. Por outro lado, existem muitas pessoas que precisam trabalhar, para o bem da coletividade.
Vamos abordar aqui alguns conceitos de Mindfulness como uma possiblidade de colaborar com o bem-estar de quem está isolado em casa.
Mindfulness é a capacidade de desenvolver atenção plena e consciência na experiência presente, no momento presente, sem julgamento. Mindfulness nos permite sair do piloto automático, favorecendo entrar em contato com a nossa sabedoria interna. É uma abordagem simples (não necessariamente fácil) e profunda. Os alicerces desta abordagem são autocompaixão e compaixão, não julgamento, presença, consciência, entre outros.
O Mindfulness, que tem profundas raízes no passado, demonstra grande atualidade. Mindfulness pode ajudar a “redefinir” a nossa vida neste terceiro milênio, iluminando caminhos de presença e atenção plena. A prática de Mindfulness pode ajudar a construir a possibilidade de uma vida mais plena. Uma vida mais plena estimula o indivíduo a estar mais presente, no momento exato, no tempo justo. É uma retroalimentação positiva. É um ciclo virtuoso.
Uma consciência mais profunda do momento presente pode ajudar reduzir o tédio e a ansiedade, permitindo à pessoa uma sensação de gratidão pela vida. A OMS define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. “Sentir-se bem” é importante. Gratidão, compaixão e não julgamento podem ajudar a pessoa a se sentir melhor, e viver melhor.
A sabedoria popular ensina: “conte até dez”, “amanhã, após uma noite de sono, terás uma percepção diferente das coisas”, “respire fundo”, entre outros conselhos e adágios.
Perceber a própria respiração é justamente um dos cuidados propostos pelo Mindfulness. Conectar-se com a respiração, respirar de forma natural, sem alterar o fluxo da respiração, entregar-se ao ato de respirar, sentir o ar que entra e que sai pelas narinas, percebendo a força, a energia vital que penetra no corpo, pode permitir o desenvolvimento da capacidade de estar presente, colaborando com a sensação de mais equilíbrio e paz interior.
Como afirma Ladd Bauer, em post publicado anteriormente neste site:
“Desse modo, o que proponho é que prestemos muito mais atenção à Presença como fundamento da medicina curativa. Não apenas como uma ideia intelectual, mas como uma prática cultivada. Se a Presença for o cerne da Slow Medicine e nos lembrarmos sempre de voltar a este momento, onde estamos, com nossos médicos e nossos pacientes, algo pode mudar.”
_____________________
Andrea Bottoni, italiano, de Roma, é medico pela Universidade de Roma “La Sapienza”, com Residência Médica em Nutrologia na mesma Instituição, com Especialização em Medicina Desportiva na UNIFESP, tem Título de Especialista em Nutrologia e em Medicina do Esporte, é Mestre em Nutrição e Doutor em Ciências pela UNIFESP, com MBA Executivo em Gestão de Saúde pelo Insper e MBA em Gestão Universitária pelo Centro Universitário São Camilo, é Instrutor de Mindful Eating pela UNIFESP, vive no Brasil, em São Paulo, há 24 anos, felizmente casado com Adriana, também médica.