A Psicologia e o movimento Slow Medicine

janeiro 8, 2018
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por Sylvia Mello Silva Baptista:

Quando uma pessoa procura um psicólogo, um bom e bem formado psicólogo, cabe a ele alertá-la de três características fundamentais que farão parte do processo que se iniciará:

  1. vai demorar
  2. vai doer
  3. vai custar

Esta imagem, apesar de sua aparência anedótica, é permeada de verdades a serem levadas em conta nesse caminho que a psicologia propõe no atendimento ao sofrimento humano. A análise, ou o processo terapêutico, é um investimento de tempo e energia consideráveis, e em épocas de rapidez e realidade líquida, como nomeou e descreveu Zygmunt Bauman a nossa contemporaneidade, faz-se cada vez mais necessário deixar claras tais especificidades do trabalho com a alma.

Lembro-me nitidamente do meu espanto frente ao comentário de um amigo médico quando do lançamento no mercado do medicamento Prozac, imediatamente cunhado como “a pílula da felicidade”. Ele me afirmou com seriedade que a minha profissão teria acabado naquele momento. Além da surpresa com tal colocação, senti um tanto de compaixão por ele que, ao pensar dessa forma, evidenciava uma pobreza de compreensão dos assuntos da psique.

Quando recebemos alguém com algum sofrimento psíquico em nossos consultórios, devemos ter em mente, inicialmente, que a divisão cartesiana entre mente e corpo é uma dissociação que tem pouco a ver com real prática da observação e escuta do outro. Carl Gustav Jung faz a seguinte citação numa conferência que deu em 1928 em Praga:

Se ainda estivermos imbuídos da antiga concepção de oposição entre espírito e matéria, isso significa um estado de divisão e de intolerável contradição. Mas se, ao contrário, formos capazes de reconciliar-nos com o mistério de que o espírito é a vida do corpo, vista de dentro, e o corpo é a revelação exterior da vida do espírito, se pudermos compreender que formam uma unidade e não uma dualidade, também compreenderemos que a tentativa de ultrapassar o atual grau de consciência, através do inconsciente leva ao corpo e, inversamente, que o reconhecimento do corpo não tolera uma filosofia que o negue em benefício de um puro espírito (1993, §195).

Ao atentarmos à queixa do paciente, o vemos como uma totalidade: sua história, suas feridas, suas deficiências, suas dores, suas conquistas, seu trajeto até ali com mazelas e ganhos, luzes e sombras. Essa mirada para o todo, com o cuidado para não cair, no plano do psíquico,  no equivalente às especializações de que muito padece a medicina nos anos mais recentes- atendendo apenas a demandas pontuais, sem levar em conta a pessoa integral-, faz-se básico.

Marco Bobbio, médico italiano, cardiologista especialista em estatística médica, autor de “O doente imaginado” e um dos difusores do movimento Slow Medicine no mundo, alerta para o fato de que:

O médico moderno e atualizado está em dia com a ciência e com a sua consciência. A medicina confia completamente na objetividade dos dados, frequentemente com arrogância e presunção. (…) O paciente, sua experiência, seu ambiente, suas preferências e sua unicidade desaparecem e são desvalorizados. Talvez seja por isso que, dia após dia, assistimos a uma crescente procura pelas medicinas alternativas, que partem de uma visão holística do paciente e não somente da avaliação de sua parte doente (2016, p.235).

Outra característica do nosso trabalho é que não há tratamento psicoterápico profundo que se dê em pouco tempo. E aqui, chamo atenção a uma importante afinidade entre a atitude Slow e a Psicologia Analítica de Jung (que é da perspectiva de onde falo): o tempo. É por essa razão que falamos em “processo”, salientando que algo se dá ao longo de um espaço de tempo, de um ciclo, respeitando um desenrolar de encontros, de tomadas de consciência, de abertura de horizontes. Como um amadurecimento de uma fruta no caule de uma árvore, o processo terapêutico não pode ser apressado. Claro que há situações em que o paciente vem para “resolver” uma situação aguda, com uma pergunta na ponta da língua, um ‘não sei o que fazer’ com determinada situação, e ao sentir-se aliviado, deixa o trabalho analítico. Cada pessoa chegará a uma parte possível do caminho com aquele analista, naquele momento específico de sua vida, naquelas condições determinadas de seu contexto. Mas o analista sabe que o processo se dá no tempo, e humilde e simplesmente está ali para a singularidade de cada um.

O nosso poeta maior, João Guimarães Rosa, diz o mesmo com uma genial simplicidade: “Só aos poucos é que o escuro é claro”.

Na mitologia grega podemos encontrar raízes que unem corpo e mente, desde a frase que se tornou famosa, mente sã em corpo são – reunindo inexoravelmente aquilo que o pensamento cartesiano separaria e transformaria em verdade na sociedade ocidental-, até mesmo a ideia de cura, cujo significado desejo ampliar.

A cura

Em primeiro lugar, gostaria de explicitar que escolho o uso do conceito “cura” tal como sugeriu Adolf Guggenbühl-Craig em seu artigo de 1979 denominado “O arquétipo do inválido e os limites da cura”. Ali ele afirma:

Curar, em alemão heilen, tem sua origem em uma palavra raiz que aparece em muitas línguas; provém de heilag, total, completo. Saúde tem a mesma origem. Queremos que nossos pacientes se tornem completos, física, mental e psicologicamente. E quando queremos curá-los, queremos fazê-los completos (p.98).

Esta ideia se irmana com um outro significado de cura que muitas vezes não atentamos mas que faz parte de nossa vida prosaica: o amadurecimento. Um queijo curado é um queijo que sofreu a ação do tempo e foi lentamente se transformando e adquirindo qualidades que lhe trazem o status de maduro.

Lembro também que etimologicamente o verbo curar no latim, curare, significa “dar atenção” e se aproxima da palavra “cuidado”, care em inglês. Em todas essas acepções, o papel do tempo e a obtenção de um resultado que aponta para algo mais inteiro e completo parecem claros.

Na mitologia grega, quando falamos de cura, estamos no território de Apolo, o deus da cura, da mântica e da música. Este deus, tão identificado com a nossa cultura, ganha um filho nobre, Asclépio, ou Esculápio para os romanos, que incorporará a figura do médico no âmbito dos mortais. É no território sagrado do templo de Epidauro que ele se exerce.

O sentido de um deus especificamente caracterizado como deus da cura é o de que aquela fonte, por assim dizer, jorra dele. Ele não está apenas presente na virada da cura, mas sua aparição é a cura; e talvez também inversamente: toda cura é, por assim dizer, sua epifania. (…) A cura é enigmática em si. (Kerènyi, 2015, p.34)

A cura em Epidauro se dava por incubação. O doente era convidado a dormir e sonhar na parte mais interna do templo, o ábaton, onde a entrega para essa experiência era a chave. Muitas serpentes circulavam no ambiente e geralmente era sob essa forma que o deus se fazia presente no sonho e lambia a parte enferma do consulente. A serpente, como se sabe, é símbolo da transformação, do morrer e renascer, presente até os dias atuais no signo que identifica a medicina: um bastão com uma serpente enrolada. Esta “transformação de uma força assassina em força terapêutica” era o que os doentes buscavam em Epidauro (Ibid., p.65). E ali, o médico, propositalmente se mantinha em segundo plano, uma vez que a cura não se dava através dele, mas sim da divindade. Ao médico cabia apenas a intimidade com a doença e a saúde, e talvez a compreensão de que ambas são faces de uma mesma moeda.

O curador

A ideia de um curador ferido é bastante próxima aos estudiosos de C. G. Jung. Aprendemos que Asclépio/Esculápio foi encaminhado a Quíron, o centauro cujo nome significa “o que trabalha com as mãos” – que dará origem à palavra “cirurgião”, “cirurgia”, “quiropraxia” etc.. Quíron reúne em si a figura do curador e do educador dos heróis. Ensinava a seus discípulos “conhecimentos relativos à música, à arte da guerra e da caça, à ética e à medicina” (Brandão, 2000, p.356). Este deus, metade homem, metade cavalo, sofre de uma ferida incurável causada por Héracles por acidente. Sua condição de imortal faz com que conviva com a dor e o sofrimento de maneira interminável. Foi a compaixão de Prometeu que levou o titã a trocar a imortalidade com Quíron, que assim pôde morrer e ser transformado na constelação de Sagitário.

Groesbeck nos faz tomar em consideração o fato de que o médico precisa ter consciência de sua própria ferida e sair do lugar do curador, dando espaço para o “médico interior” do paciente, quem de fato efetuará a transformação necessária. Caso contrário, cria-se um vínculo onde o médico fica bem somente se o paciente fica mal, perpetuando uma situação perversa de dependência na relação médico-paciente.

É a imagem do médico como “milagroso” que tende a levar a esta situação (serviços e curas não cumpridas). A expectativa de que a pessoa do médico, agindo externamente, mesmo com a ajuda de toda tecnologia possa ser capaz de efetuar a cura, tanto quanto, ou no lugar, do “médico interior”, é um grande erro de cálculo (1983, p.78).

Ao médico caberia manter-se não ansioso, fazendo-se valer de seu conhecimento do curso natural da doença, e mobilizando esperança no paciente, ou seja, trabalhando para criar um terreno propício para que o médico interior faça seu trabalho, atitude que nos faz lembrar a orientação que prega a Slow Medicine e seu conceito de saúde positiva, auto-cuidado e busca de harmonia. Ainda segundo Groesbeck,

Na análise, o analista-curador deve manter sempre contato com seu lado inconsciente, podendo assim, tornar-se até mesmo o guia do médico interior do paciente. Mas como é que ocorre este processo? As comunicações inconscientes entre analista e paciente desempenhariam, aparentemente, um papel crucial (Ibid., p.80).

O paciente da análise precisa entrar em contato profundo com o arquétipo do curador-ferido constelado em seu analista. É por esta razão que é imprescindível que o analista tenha vivenciado em si as próprias feridas, tenha feito o seu mergulho nos territórios escuros de sua alma, tenha perscrutado suas limitações e deficiências; ele trabalhará a problemática do paciente tendo em vista a sua própria, sendo ao mesmo tempo analista e analisando.

Ser ferido significa também ter a capacidade de curar ativada em nós; ou talvez pudéssemos dizer que sem ser ferido ninguém pode nunca aspirar possuir essa capacidade? Poderíamos chegar a dizer que o próprio objetivo da ferida é nos tornar conscientes da capacidade de curar que existe dentro de nós (Adler, G. apud Groesbeck, 1983, p.88)

Essas afirmações nos fazem refletir sobre a responsabilidade que tem o médico/analista em investir um olhar cuidadoso no seu próprio caminho de conhecimento. “Conhece-te a ti mesmo”, dita o frontispício do templo do deus da cura, convidando-nos a participar dessa ida em direção ao mais interno e escuro em nós. Sim, pois conhecer implica numa totalidade. Não há como deixar partes desagradáveis e incômodas de fora. E nossa consciência é apenas uma ponta visível emergente no mar do inconsciente. Se não pudermos visitar nossas escuridões pessoais, dificilmente levaremos nossos pacientes a fazê-lo verdadeiramente. É de Jung a citação a seguir:

Não há análise capaz de banir todo o inconsciente para sempre. O analista deve continuar sempre aprendendo e nunca esquecer que cada caso novo traz à luz problemas novos, e isso dá lugar a suposições inconscientes que antes nunca haviam se constelado. Podemos dizer, sem muito exagero, que uma metade de todo tratamento realmente profundo consiste no exame que o médico faz de si mesmo, pois só aquilo que pode consertar em si mesmo pode esperar poder consertar no paciente. Nem isso é menos verdade quando percebe o paciente recusando-o ou agredindo-o: é a sua própria ferida que dá a medida da sua capacidade de curar. É este o sentido, e nenhum outro além deste, do mito grego  do curador ferido (Ibid., p.95).

Será que estamos abrindo espaço na formação de médicos e psicoterapeutas para Quíron e sua sabedoria?

O curativo

Voltando à ideia inicial de que um processo analítico demora, doe e custa, vimos que tal afirmação aponta para o tempo que se faz necessário no caminhar em direção a si mesmo, no imprescindível olhar para as feridas e faces inconscientes que provocam inevitavelmente dor ao serem confrontadas, e a tomada de consciência e investimento de energia que se farão necessários para uma transformação verdadeira. A psicologia que respeita essas máximas está afinada com a atitude Slow que preza a consideração à pessoa, à saúde, à mulher, homem ou criança que está por trás do “caso clínico”; ao indivíduo em sua integralidade, portanto. Falo de uma psicologia que respeita esses fundamentos, sem no entanto esquecer que há sempre um lado sombrio em tudo o que diga respeito à humanidade. Há usos e abusos dos assim chamados trabalhos psíquicos, como há em todas as profissões, entre elas a medicina. Mas a intenção aqui é chamar atenção para a proximidade da visão Slow numa psicologia que igualmente preza os mesmos princípios e que acaba por se encontrar com a medicina na conjugação entre mente e corpo, alinhando-se e somando na direção de um olhar mais respeitoso à totalidade da pessoa.

Recorro a James Hillman – analista junguiano que levou adiante os ensinamentos de Jung acrescentado-lhes uma dimensão poética -,  para que nos aponte um norte nesse diálogo aqui esboçado. Diz Hillman que “O sentido mais amplo de terapia começa nos menores atos da observação” (2010, p.103). Amplia a ideia de Jung que postula que a alma/psique não está no indivíduo, como se costuma pressupor segundo uma perspectiva antropocêntrica, mas antes, o indivíduo está na alma e a alma habita o mundo – anima mundi. Através daquilo que os gregos antigos chamavam de Aisthesis –que dará origem à palavra estese, estética, em contraposição a anestesia -, percebemos e acordamos para o sentido do mundo. “Para Marsilio Ficino, o espírito dentro do coração recebia e transmitia a impressão dos sentidos. A função do coração era estética” ( Ibid., p.94).

Hillman afirma que a formação de psicoterapeutas requer uma sofisticação da percepção; uma formação “baseada no coração sensitivo e imaginativo” a ser provocado e educado. Aprender e conhecer seriam ações mais voltadas à sensibilização dos detalhes do que compreensão do sentido, e “nossas dúvidas estariam endereçadas a o que são as coisas, onde, quem e de qual modo preciso elas são e como são, em vez de por que, como surgiram e para quê”(p.98), num retorno, a seu ver necessário, à educação humanística concebida em Florença. Dessa forma,

Uma resposta estética aos detalhes poderia nos desacelerar radicalmente. Reparar em cada acontecimento limitaria nosso apetite pelos acontecimentos, e essa redução de consumo afetaria a inflação, o superdesenvolvimento, as defesas maníacas e o expansionismo da civilização. (…) A atenção para as qualidades das coisas ressuscita a velha noção de notitia como uma atividade primária da alma. Notitia refere-se àquela capacidade de formar noções verdadeiras das coisas a partir da observação atenta. É dessa observação atenta que depende o conhecimento (Ibid., p.100).

Assim, tanto medicina quanto psicologia se encontram de mãos dadas em uma difícil, necessária e revolucionária  tarefa de constante revisão das próprias bases; um olhar para as estruturas de poder em que se assentam, aos dogmas que se auto-impuseram e dos quais temem se desfazer, às próprias feridas e esquinas sombrias, à formação humanística de seus profissionais, às unilateralidades e vícios no modo de ensinar e aprender, a serem criticados e combatidos, à superação das oposições duais que confinam e restringem os horizontes.

Hillman nos lembra que o verbo respeitar, que afinal é o que essencialmente prega a Medicina sem Pressa – e porque não?, a Psicologia sem Pressa-, vem do latim respectare, que significa olhar novamente, lançar um segundo olhar, agora com o olho do coração para um mundo almado.

E assim termino estas breves reflexões, dando voz à poiesis de Paulo Leminski. Que nos seja inspirador!

um bom poema

leva anos

cinco jogando bola,

mais cinco estudando sânscrito,

seis carregando pedra,

nove namorando a vizinha,

sete levando porrada,

quatro andando sozinho,

três mudando de cidade,

dez trocando de assunto,

uma eternidade, eu e você,

caminhando junto

(Paulo Leminski, p.245)

Referências bibliográficas

BRANDÃO, J. S. Dicionário Mítico-etimológico, vv. I e II. Petrópolis: Vozes, 2000. 

BOBBIO, M. O doente imaginado, São Paulo: Bamboo Editorial, 2016.

GROESBECK, C. J. A imagem arquetípica do médico ferido, in Junguiana 1, São Paulo: Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, pp. 72-96, 1983.

GUGGENBÜHL-CRAIG, A. O arquétipo do inválido e os limites da cura, in Junguiana 1, São Paulo: Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, pp. 97-106, 1983.

HILLMAN, J. O pensamento do coração e a alma do mundo, Campinas: Verus, 2010.

JUNG, C. G. O problema psíquico do homem moderno, in Civilização e transição, OC 10/3, Petrópolis: Vozes, 1993.

KERÈNYI, K. Arquétipos da religião grega. Petrópolis: Vozes, 2015.

LEMINSKI, P. Toda poesia, São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

ROSA, J. G. Grande sertão: veredas, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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Sylvia Mello Silva Baptista formou-se em Psicologia pela PUC-SP. É analista junguiana, membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, professora de cursos abertos e de formação da SBPA, coordenadora do MiPA, Núcleo de Mitologia e Psicologia Analítica da Clínica da SBPA. Como escritora, publicou “Maternidade e Profissão: Oportunidades de Desenvolvimento”, “Arquétipo do Caminho – Guilgamesh e Parsifal de mãos dadas”, “Mitologia Simbólica – Estruturas da Psique e Regências Míticas” e “Ulisses, o herói da astúcia”, todos editados pela Editora Casa do Psicólogo.

Lançou seu primeiro romance – “Segunda Pedra” – em novembro de 2012 pelo selo Edith.

Email: [email protected]

PS: a foto que ilustra o post é do site Pixabay

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Edméa Ganem
Edméa Ganem
6 anos atrás

Sylvia,

Parabéns pelo artigo.
Impecável!

Fiquei envolvida desde o início. Suas considerações traduzem o que sabemos ser verdadeiro.

Um beijo e já aguardo o próximo.

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