“Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras de comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É inconsistente.”
(Como Vejo o Mundo)
O Movimento Slow Medicine sempre teve uma posição crítica em relação aos chamados “Meses Coloridos”. O Outubro Rosa foi a primeira campanha, iniciado na década de 1990, cujo objetivo era conscientizar o público sobre o Câncer de Mama e a possibilidade de seu diagnóstico precoce, primariamente através da realização de mamografias. Ninguém, em sã consciência, seria contrário à oferta de rastreamento de uma doença tão complexa – e de alta mortalidade nas mulheres – e cujos resultados, uma vez instituída a terapêutica, serão melhores quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento. O olhar crítico, porém, refere-se ao fenômeno de “marketização” da iniciativa, com a utilização da cor rosa desde a Pet Store até as companhias aéreas. Existe uma zona de incerteza do quanto as empresas que aderem à campanha realmente derivam os fundos auferidos à pesquisa – como o faz a Esteé Lauder, pioneira na campanha. Além de outras questões relativas ao Sobrediagnóstico e ao Sobretratamento do Câncer de Mama, em particular em mulheres mais idosas.
Já o Novembro Azul teve seu início na Austrália, quando alguns amigos, reunidos em um pub, em 1999, resolveram deixar crescer os seus bigodes, pensando na questão da saúde do homem, com um olhar particular sobre o Câncer de Próstata. Em 2003, a iniciativa de ampliou, com a criação de uma organização – Movember – que trabalha a conscientização da saúde do homem dentro de uma perspectiva mais holística. Porém, as críticas se aglutinam em torno de uma questão: a campanha acabou se estreitando (embora se fale em contrário à esta afirmação) no rastreamento – portanto, o diagnóstico precoce, e não prevenção – do câncer de próstata, uma prática eivada de controvérsias quando sugerida que seja feita de uma forma universal. Também no que se refere ao Câncer de Próstata a possibilidade de Sobrediagnóstico e Sobretratamento deve ser levada em conta nas decisões individuais, apostando-se nas decisões informadas e compartilhadas entre médicos e pacientes.
Os “Meses Coloridos” são uma realidade. Mas refletir sobre eles, de uma maneira isenta e equilibrada e, porque não, crítica, é algo saudável e bem-vindo. Diante disso, o Movimento Slow Medicine resolveu promover uma série de Lives, em nosso canal do Instagram, as Slow Lives, sempre às quintas-feiras.
Veja a programação:
Dia 14 de setembro – 20:30hs: Alzheimer: lembrar o que é mais importante
Debatedores: José Renato Amaral, geriatra
Emílio Moriguchi, geriatra
Andrea Prates, geriatra
Dia 5 de outubro – 19:30hs: Slow Medicine e Cuidados Paliativos – uma confluência de saberes
Ana Coradazzi, oncologista clínica
Vera Bifulco, psico-oncologista
Jaqueline Doring Rodrigues, geriatra e paliativista
Dia 9 de Novembro – 19:30hs: Novembro Azul – um toque de bom senso
José Carlos Velho, médico geriatra
André Islabão, médico, especialista em medicina interna
Regis Vieira, médico de família e comunidade
Dia 7 de dezembro – 19:30hs: O tempo não pára – HIV e Slow Medicine
Afonso Carlos Neves, neurologista
Elizabete Band, infectologista
Daisy Machado, infectologista pediátrica
Todos são Bem-Vindos! Esperamos vocês!
Para aqueles como nós, que seguiram um caminho longo na medicina/saúde, compreendemos a importância do vosso trabalho. Vamos acompanhar!