O movimento Slow Medicine tem raízes em vários países, com expressões e formas de organização bastante diversas. Vamos nos debruçar sobre uma iniciativa americana, o site Updates in Slow Medicine.
O grupo é formado pelos médicos Pieter Cohen, clínico geral na Cambridge Health Alliance, Massachusetts e professor assistente da Harvard Medical School; pelo Dr. Michael Hochman, clínico geral formado na Harvard Medical School, que vive em Los Angeles, onde é professor na Keck School of Medicine of University of Southern California e pela dra. Rachael Bedard, canadense, que trabalha na Mount Sinai School of Medicine, NY, no programa de Geriatria e Cuidados Paliativos.
“Atualizações em Slow Medicine” começou como uma série de discussões sobre Medicina Interna entre estudantes, residentes e professores da Cambridge Health Alliance e da Harvard Medical School. Isso gerou uma fértil troca de correspondência eletrônica entre os participantes das discussões e posteriormente disseminou-se entre médicos dos EUA. Passou-se então a utilizar o termo “Slow Medicine”, consistente com os princípios do que é conhecido como o “Movimento Slow”. A SM enfatiza o raciocínio clínico, estimula a prática baseada em evidências e salienta a importância das mudanças de estilo de vida para uma melhora consistente da saúde.
O conceito sugerido de Slow Medicine é “de uma prática médica baseada na anamnese cuidadosa, no exame clínico pormenorizado e na ponderação acerca dos riscos e benefícios de intervenções diagnósticas e terapêuticas, sem pressa para intervir quando os sintomas são pouco específicos, comprometida com a observação clínica como uma estratégia importante tanto do ponto de vista de diagnóstico e terapêutico e cautelosa sobre a adoção de novos testes diagnósticos e terapias, enquanto não houverem evidências claras que estabeleçam o seu valor.”
O site sugere alguns links interessantes, como os blogs Center for Health Journalism and MedPage Today , sugestões de textos e livros sobre “Slow Medicine” , entre eles um excelente artigo sobre Princípios da Prescrição Conservadora, de Gordie Schiff , publicado no JAMA em 2011, que promove uma reflexão sobre polifarmácia, interação medicamentosa e reações adversas , numa abordagem com evidentes repercussões na prática médica diária. Como você pode conferir em nossas sugestões de livros, God’s Hotel e Mortais, de Atul Gawande, também são citados como obras referenciais. O site tem um “braço” no Facebook.
Finalizando, uma das melhores coisas que o site oferece é sua Mailing List. Semanalmente você recebe emails dos organizadores com assuntos de grande relevância na prática clínica, com discussões sempre norteadas pela medicina baseada em evidências. A correspondência é rica em links para trabalhos científicos, para canais de expressão da mídia leiga, impressa e digital, traz reflexões acerca de diretrizes e destaques de congressos e conferências, coroando a publicação da semana com a ponderação acerca do assunto abordado do ponto de vista da Slow Medicine. Podemos afirmar que, particularmente para o público médico interessado na filosofia da Medicina sem Pressa, esta correspondência trará elementos que certamente terão impacto em sua prática cotidiana.
Excelente postagem. Apresenta uma série de referência de alta qualidade, permeada de ponderações de grande importância. É feita de forma tranquila, como deve ser o modo Slow, em que não há uma ansiedade em conquistar adeptos, mas simplesmente a intenção em despertar a consciência crítica. Muito bom!