A Slow Medicine nos ajuda a fazer uma pausa e voltar ao essencial

outubro 16, 2017
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Michael E. HochmanPieter Cohen

23 de abril de 2015

 

Uma feliz convergência nos aproximou, dois médicos da atenção primária que compartilham uma filosofia de atenção que passamos a chamar de Slow Medicine.

Nós nos conhecemos em 2006, no Cambridge Health Alliance – um avançado sistema de saúde que oferece atenção gratuita ou de baixo custo a pessoas necessitadas, localizado em Massachusetts –, onde Pieter trabalhava como médico responsável e Michael era residente. Ambos estávamos atônitos com a tendência de nosso sistema de saúde atual de “fazer mais” – mais exames, mais procedimentos, mais medicamentos e mais serviços – mesmo quando as evidências não indicam que mais é claramente melhor. Começamos a conversar informalmente sobre nossos pontos de vista em comum. Depois que Michael se mudou para a Califórnia em 2009, as conversas continuaram por e-mail e telefone.

Pieter Cohen

Slow Medicine: uma filosofia para a atenção clínica

Nossos primeiros contatos foram pouco mais que breves diálogos sobre preocupações em comum, mas logo passaram a se concentrar mais na busca de soluções. Também procurávamos cada vez mais evidências para esclarecer nossas considerações e preocupações. Por exemplo, quando passamos a questionar a utilidade da mamografia de rastreamento, desenterramos evidências para que pudéssemos apresentar efetivamente nosso ponto de vista aos colegas. Acabamos apoiando novas recomendações de que as mulheres sejam submetidas à mamografia a cada dois anos a partir dos 50 anos, em vez de anualmente a partir dos 40 anos.

Ficamos fascinados com o Dartmouth Atlas of Health Care, que revelou variações surpreendentes na prática da medicina nos Estados Unidos. O mais extraordinário era que os resultados para o paciente não eram necessariamente melhores nas regiões com atenção mais intensiva. Nós também nos tornamos ardentes seguidores da série “Less is More” da revista médica JAMA Internal Medicine e discípulos dos princípios da prática clínica conservadora de Gordie Schiff – ambos nortearam nossos pensamentos em aspectos importantes.

Por fim, criamos o termo Slow Medicine para descrever nossa filosofia abrangente de atenção clínica. Não percebemos isso na época, mas muitos outros vêm usando o termo slow medicine há vários anos para descrever princípios extremamente semelhantes de atenção clínica. Nossa versão de Slow Medicine refere-se a uma conduta de atenção criteriosa e baseada em evidências, com ênfase no raciocínio clínico cuidadoso. Assenta-se em muitos dos princípios do amplo Slow Movement, aplicados em uma grande variedade de áreas, entre as quais figuram a alimentação, a arte, a criação dos filhos e a tecnologia.

Michael Hochman

Nem sempre mais é melhor

Assim como o amplo Slow Movement, que enfatiza a reflexão cuidadosa, nossa versão de Slow Medicine enfatiza o cuidado na anamnese, no exame e na observação do paciente. Isso nos lembra que o propósito da atenção à saúde é aumentar o bem-estar dos pacientes, e não simplesmente usar a gama crescente de onerosos recursos e aparelhos médicos. Embora estejamos ansiosos para promover a inovação, acreditamos que a adoção e a implementação dos avanços clínicos devem ser metódicas e ocorrer somente depois que estiver claro que o novo realmente é melhor.

Há alguns anos, Pieter começou a incluir em nossas discussões por e-mail seus médicos residentes na Cambridge Health Alliance e na Harvard Medical School, onde é professor. Michael começou a ajudar Pieter com esses e-mails cada vez mais regulares. Em geral, os textos são curtos – 200 a 600 palavras – e apresentam nossa visão sobre temas clínicos atuais sob a óptica da Slow Medicine. Abordamos as publicações científicas mais recentes e muitas vezes provocamos discussões animadas, discordâncias e novas ideias de nosso público leitor, que é cada vez maior. O nome atual dessas mensagens é Updates in Slow Medicine (Atualizações em Slow Medicine).

Por exemplo, em textos recentes, manifestamos a preocupação com o uso exagerado de medicamentos para auxiliar no abandono do tabagismo, as novas recomendações complexas do Centers for Disease Control em defesa do uso de uma vacina cara e sem comprovação contra pneumonia e os novos modelos de concierge na atenção primária.

Graças ao boca a boca, nossa lista cresceu. Em dezembro de 2014, nosso grupo de discussão se expandiu consideravelmente quando um de nossos ex-professores, agora presidente interino da Universidade de Oklahoma-Tulsa, escreveu um blog no site da NPR que colocou nosso trabalho no contexto mais amplo da Slow Medicine. Hoje, nossas Updates são enviadas a centenas de profissionais de saúde. Ainda assim, mantivemos a abordagem informal, tratando os leitores como “Cara equipe” e escrevendo como se todos fossem se reunir conosco na clínica à tarde.

Agora estamos empolgados para começar a distribuição ainda mais ampla de algumas de nossas publicações por meio do Reporting on Health (Informes sobre saúde). Esperamos seus comentários e avise-nos se tiver interesse em receber nossos e-mails regularmente!

“Updates in Slow Medicine” aplica as pesquisas médicas mais recentes para apoiar uma abordagem criteriosa na atenção clínica. Para saber mais, visite nossa página no Facebook*.  Se quiser receber todas as atualizações, escreva para o Dr. Michael Hochman e o Dr. Pieter Cohen ([email protected]).

(*) Este artigo foi escrito originalmente em abril de 2015, e publicado no site Center for Health Journalism. O Dr. Pieter Cohen gentilmente nos cedeu o mesmo para que o traduzíssemos. Ele é a narrativa dos primórdios desta iniciativa que se mantém ativa em sua forma original, com sua mailing list periodicamente compartilhando informações atualizadas sobre as mais diversas questões médicas, sempre sob ótica da Slow Medicine. A página do Facebook foi descontinuada em agosto de 2017, para que seus esforços se concentrassem em sua Newsletter, base essencial de seu trabalho. (Nota: José Carlos Campos Velho)

_________________

Tradução:

Claudia Araujo

Tradução médica EN > PT

Membro da ABRATES — Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes

Contato:

Email: [email protected]

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clea
clea
6 anos atrás

Gostei muito desta matéria, onde podemos acreditar em profissionais de saúde, pesquisando e mostrando o melhor caminho para o tratamento das doenças.
Parabéns a equipe!

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