Um senhor chega ao Pronto-Socorro com dificuldade para falar

outubro 12, 2019
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A VERSÃO FAST
DG, 62 anos, sexo masculino, branco, chega ao Pronto-Socorro com queixa de dislalia e perda da coordenação motora há cerca de 30 minutos. É hipertenso em uso de losartana e atenolol e faz uso de atorvastatina devido a dislipidemia. A avaliação do médico plantonista revela PA = 150 X 90 mmHg, FC = 102 bpm, paciente lúcido e contactante, com dislalia e hemiplegia à D. É feita hipótese diagnóstica de Acidente Vascular Encefálico (AVE) isquêmico e o paciente é encaminhado à tomografia encefálica, a qual é realizada cerca de 25 minutos após sua chegada ao PS. A imagem tomográfica revela ausência de sangramento. É então indicada trombólise com alteplase, a qual é iniciada 80 minutos após a chegada do paciente ao PS. O paciente evolui com melhora expressiva dos sintomas neurológicos após 24 h, mantendo apenas discreta hemiplegia. É iniciado ácido acetilsalicílico e reiniciada a atorvastatina. O paciente é encaminhado a programa de reabilitação.

A VERSÃO SLOW
DG, 62 anos, sexo masculino, branco, chega ao Pronto-Socorro com queixa de dislalia e perda da coordenação motora há cerca de 30 minutos. É hipertenso em uso de losartana e atenolol e faz uso de atorvastatina devido dislipidemia. A avaliação do médico plantonista revela PA = 150 X 90 mmHg, FC = 102 bpm, paciente lúcido e contactante, com dislalia e hemiplegia à D. É feita hipótese diagnóstica de Acidente Vascular Encefálico (AVE) isquêmico e o paciente é encaminhado à tomografia encefálica, a qual é realizada cerca de 25 minutos após sua chegada ao PS. A imagem tomográfica revela ausência de sangramento. É então indicada trombólise com alteplase, a qual é iniciada 80 minutos após a chegada do paciente ao PS. O paciente evolui com melhora expressiva dos sintomas neurológicos após 24 h, mantendo apenas discreta hemiplegia. É iniciado ácido acetilsalicílico e reiniciada a atorvastatina. O paciente é encaminhado a programa de reabilitação.

FAST & SLOW
Ao contrário do muitos imaginam, a adoção de uma postura “slow” não é contrária aos avanços da medicina “fast” (vide o caso descrito, no qual a versão SLOW é idêntica à versão FAST). O uso da tecnologia e conhecimentos científicos de forma rápida e padronizada permitiu ganhos imensuráveis para pacientes com AVE isquêmico, por exemplo, aumentando sua chance de sobrevida e reduzindo as sequelas neurológicas, o que tem impacto indiscutível em sua qualidade de vida. É para casos assim que a Fast Medicine foi desenvolvida. A sabedoria está em utilizá-la para os casos que realmente se beneficiarão dela. Ter discernimento, bom-senso e parcimônia na condução dos casos. Ser FAST quando é preciso ser FAST, ser SLOW quando é preciso ser SLOW.

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